sexta-feira, 28 de agosto de 2020

A PERGUNTA DO MAÇOM

A PERGUNTA DO MAÇOM

                                                         José Maurício Guimarães

Vou contar uma história que servirá como ponto de partida para

nossas reflexões.

Pouco antes de morrer, no leito do hospital onde estava internada, Gertrude Stein de repente abriu os olhos e disse:

“Qual é a resposta?”

Um de seus amigos que lhe faziam companhia aproximou-se e disse:

“Mais Gertrude..., se você não disser qual é a pergunta, como vamos lhe dizer qual é a resposta?”

Gertrude Stein arregalou os olhos e retrucou:

Então, qual é a pergunta?

 

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A Maçonaria nas Lojas, nas Potências e principalmente na internet está cheia de respostas. Temos respostas e professores para tudo. Deixamos de ser uma Ordem de homens em busca da verdade para sermos um ringue (uma rinha de galos) onde curiosos se digladiam na defesa de minúsculas “certezas” ou na defesa de cargos e posições.

Apesar de todos os esforços, ainda não alcançamos nossas pretensões, pois não sabemos ao certo o que estamos buscando. Não sabemos QUAL É A PERGUNTA.

Proliferam-se os Ritos, as Ordens, os paramentos, as cores e os aventais, os colares e os chapéus. Mas não sabemos QUAL É A PERGUNTA.

É premissa ou axioma de que o homem só encontra algo se souber o que está procurando.

Diz o velho ditado: “quem tem boca vai a Roma”, ou seja: para encontrar o caminho que leva a Roma, você tem que PERGUNTAR: “onde está Roma? Como faço para chegar até lá? Onde é Roma?” – seja no sentido literal e arcaico (quando viajantes andavam pelas estradas perguntando aos transeuntes e em cada estalagem), seja no sentido moderno: quem quiser ir a Roma hoje, terá que PERGUNTAR nas agências de turismo ou nas empresas de transporte sobre o preço e as datas das partidas aéreas ou marítimas. Um turista que não sabe QUAL É A PERGUNTA sobre a viagem que quer fazer, não chegará a lugar nenhum. Digo mais: para bem chegar a Roma, é importante pergunta-se antes: “o que é Roma?

Voltemos nossa atenção para 2.400 anos atrás; ouçamos o que disse Platão no Diálogo “Górgias”:

É vergonhoso que, estando na situação em que evidentemente estamos, tenhamos a pretensão de crer que somos algo – nós que nunca temos certeza, nem opinião permanente acerca das mesmas coisas e questões; e o que é pior: não temos certeza nem opiniões a respeito de questões de suma importância”.

 

Todos nós, em sendo bons buscadores, já lemos ao menos uma das obras de Platão; sabemos, portanto, que o personagem central dos Diálogos de Platão é Sócrates, filósofo ateniense que viveu de 469 a.C. – 399 a. C.

Sócrates não tinha respostas prontas, pois afirmava só saber que nada sabia. Seu método consistia na investigação (pesquisa filosófica) mediante diálogos (contato e discussão entre dois ou mais indivíduos). Nesses diálogos, os participantes alcançavam, por si mesmo, um nível de reflexão e descoberta dos próprios valores (ou “verdades”). O método socrático partia de perguntas simples com o objetivo de revelar, primeiramente, as contradições na forma usual de pensar; em seguida, com perguntas mais aprofundadas, os participantes eram levados a pensar POR SI MESMO e alcançarem valores fundamentais (metafísicos) e, eventualmente, o autoconhecimento.

Para terminar, uma anedota que ilustra bem uma outra questão: o conhecimento diante da consciência da nossa própria ignorância.

Diante de um grupo seleto de alunos, Sócrates proclamou:

– Só sei que nada sei.

– Mas Sócrates, objetou um discípulo, se você não sabe nada, como sabe que nada sabe?

Ao que Sócrates respondeu tranquilamente:

– Minha mulher me disse...


 

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