domingo, 16 de agosto de 2020

SOMBRAS MAÇÔNICAS

 

SOMBRAS MAÇÔNICAS
José Maurício Guimarães
Aos poucos, sem nos conscientizarmos completamente sobre o que realmente está acontecendo, vamos caminhando segundo semestre de 2020 adentro; e já são quase seis meses sem o funcionamento normal das Lojas Maçônicas.
Quanto perdemos com isso? Há os que dizem não termos perdido nada, a não ser umas 30 ou 40 sessões maçônicas e, com elas, umas doze cerimônias de Iniciação, Elevações, Exaltações...; no bojo, lá se vão as eleições com aquilo que elas têm de mais salutar para a vida maçônica: o debate e o contraditório.
Não quero falar de possíveis futuras evasões, nem das questões financeiras que pode advir (ou que já estejam se instalando) nas administrações das Lojas, das Potências, dos Corpos Maçônicos, Academias, etc.
Que me perdoem os otimistas, mas essa pandemia e o isolamento social não veio para ajudar. Que me perdoem também os pessimistas, mas não vejo motivos para arrancarmos os últimos fios de cabelo de nossas veneráveis carecas, nem para roermos as unhas como crianças assustadas. “A virtude – diziam os antigos – está no meio”, e é pra lá que devemos voltar os nossos olhos.
Num e noutro caso (otimismo e pessimismo) há quem tire proveitos da situação. É próprio do nosso povo aquele jeitinho maroto de “levar vantagem em tudo”. Sendo assim, para nós que já estamos vacinados contra as pragas do cabotinismo, as estratégias em curso não afetarão a essência da maçonaria (não estou injuriando ninguém: cabotinismo vem de cabotino, ator ou comediante de categoria inferior, cômico ambulante).
Mas se estamos vacinados contra epidemias morais (será?), ainda não estamos imunizados contra a Covid.19 – este é o fato.
Muito se discute se a doença “existe ou não existe”; se é fatal ou não; se é jogada política ou mesmo um vírus que escapou de um laboratório pela janela deixada aberta pelo vigia noturno. A questão, racionalmente analisada, não pode ser colocada nesses termos. Ao iniciarmos o mês de agosto, quase todas as pessoas já conhecem casos dessa infecção entre amigos ou parentes. As estatísticas não servem de consolo, pois mesmo que seja 0,1% de mortes em dez, cem ou mil casos, cada vida perdida é uma perda irreparável. "Nenhum homem é uma ilha", disse John Donne.
... “cada átomo que pertence a mim pertence a você – disse o poeta Walt Whitman − estou atento a tudo e às suas ressonâncias.... Estou sempre chegando. Sou o poeta do corpo. E sou o poeta da alma. Os prazeres do céu estão em mim, os pesares do inferno também estão comigo. Não tenho cátedra, igreja nem filosofia; não conduzo ninguém à mesa de jantar ou à biblioteca ou à bolsa de valores, mas conduzo a uma colina cada homem e mulher entre vocês...”
MAS ISSO É POESIA!! Alguém poderá reclamar de mim. Sim – respondo – é poesia; e qual outra literatura ou certeza nos têm transmitido os “grandes isso” e os “grandes aquilo” que não seja a manutenção segura e tranquila de suas posições nas torres de marfim a que se elevaram? Posso estar com a visão bastante curta, mas o que vi até agora nessa metade de ano foram disputas políticas, lutas fratricidas entre poderes das repúblicas e o inexplicável silêncio dos autodenominados “líderes espirituais”.
Não tenho receitas para ensinar nem conselhos para vender. Se uma fração da minha tranquilidade, alcançada nesses quase 150 dias de reclusão, posso partilhar com vocês é a certeza de que podemos correr, mas não podemos nos esconder; “pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo”. Fatos e notícias recentes provam isso.
Fatos e notícias recentes, sombras maçônicas descritas na câmara de reflexões: “se fores dissimulado, serás descoberto”; “se tens receio que descubram os teus defeitos, não estarás bem entre nós”.
Apesar de todos os esforços dos atuais sabidos para “mudar a maçonaria”, essas leis e princípio permanecem estáveis e, mais cedo ou mais tarde, os que esconderam suas fraquezas atrás dos aventais ficarão com a nudez exposta.
Fala de novo por mim o poeta Walt Whitman aos maçons mais jovens:
“Nem eu nem ninguém vai percorrer essa estrada por você;
Você tem que percorrê-la sozinho.
Não é tão longe assim... está ao seu alcance.
Talvez você tenha andado nela a vida toda e não sabia,
Talvez a estrada esteja em toda parte sobre a água e sobre a terra.
Pegue sua bagagem, eu pego a minha, vamos em frente!
Toparemos com cidades maravilhosas e nações livres no caminho.
Se você se cansar, entrega os fardos; descansa a mão em meu ombro;
E quando for a hora, você fará o mesmo por mim;
Pois após a partida não vamos parar mais.”
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ALEGORIA INICIÁTICA

    ALEGORIA INICIÁTICA José Maurício Guimarães Os artistas representam essas alegorias sem muito rigor com o que acontece nas cerimônias do...