sábado, 27 de fevereiro de 2021

ALEGORIA INICIÁTICA

 

 ALEGORIA INICIÁTICA
José Maurício Guimarães

Os artistas representam essas alegorias sem muito rigor com o que acontece nas cerimônias do Templo. Mas expressam algumas ideais conforme um entendimento pessoal e próprio da cultura e estudo que tiveram. No meu modo de ver, o simbolismo maçônico tradicional não pode (nem deve) ser analisado apenas pelo prisma do que costumamos chamar “Rito Escocês Antigo e Aceito”. A Maçonaria tradicional tem outros cânones infelizmente desconhecidos da maçonaria brasileira, onde tudo é feito e “ensinado” de acordo com uma visão compartimentada, visões essas que visam apenas atender às explicações imediatistas durante 15 minutos ou meia-hora dedicados em Loja para estudos tão profundos sobre a “evolução” cultural e psicológica da humanidade.
Nessa alegoria vejo (conforme meu entendimento pessoal e estudos próprios em outras iniciações, organizações iniciáticas, filosóficas e leituras que fiz) o seguinte:
1) O profano sendo conduzido, aterrorizado, para a câmara de reflexões onde é colocado face a face com a realidade da morte e elabora seu testamento. Um guia o acompanha, mas não entra com ele nessa câmara. Ao elaborar seu testamento (na verdade, ele TOMA CONSCIÊNCIA DE QUE É UM SER MORTAL), o iniciando se esquece do mundo profano onde prevalecem a vaidade e cobiças. Ele cai em sono profundo (alheamento ao mundo de onde veio) até se dar conta de que CONTINUA encarcerado no seio da terra (VITRIOL e/ou “o mito da caverna, segundo Platão); trata-se de uma caverna com paredes de pedras pontiagudas; mesmo assim, ele se dispõe a sair, pois já está esquecido dos perigos do mundo exterior.
2) Ao sair dessa caverna, ele contempla uma LUZ TERRENA (o fogo, “conscience” em inglês *) que não consegue suportar; daí, ele cobre os olhos com a mão, semelhante à atitude de Moisés ao contemplar a sarça ardente no monte Sinai. Repare que em todas essas etapas (com exceção da primeira figura) não existe a figura de um guia acompanhando o iniciando; ele está sozinho.
3) De repente, surge de novo o guia que lhe apresenta o estágio ainda adormecido de sua Consciência  ̶  “conciousness” em inglês (**)  ̶  representada pela mulher que se contempla no espelho das ÁGUAS (ilusão da mente. O iniciando abre as mãos num gesto de acolhimento e disposto a recebê-la (mito de Orfeu que resgata Eurídice do sono e sombras do Hades) e se dispõe a caminhar com ela em direção à LUZ ETERNA (lux eterna).

Os estágios ainda adormecidos da Consciência sempre foram representados pela ÁGUA (segundo Edward F.Edinger em “Anatomia da Psique”): água >> Lua >> Mulher: “o sol e a lua têm sua origem nesta água, sua mãe, sendo necessário que nela voltem a entrar, isto é, no útero de sua mãe, para que possam ser regenerados ou nascer de novo, e com mais saúde, mais nobreza e mais força” (assim descrito nos tratados de alquimia – “Secret Book of Artephius”, in “The Lives of the Alchemystical Philosophers). O mesmo aparece de forma aparentemente misteriosa quando Jesus disse:

Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo" (João 3:3) - Perguntou Nicodemos: "Como alguém pode nascer, sendo velho? É claro que não pode entrar pela segunda vez no ventre de sua mãe e renascer!" E a resposta foi: “ O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João 3: 8).

Jesus falava simbolicamente (por parábolas) à moda dos pensadores do Oriente: “nascer de novo” não quer dizer nascer outra vez; “o vento” e “a voz do vento” não significam o vento comum que conhecemos - o ar atmosférico em movimento – nem iríamos imaginar que o ar atmosférico tivesse “voz”.  

Essa mulher deitada, com a cabeça apoiada num dos braços e fitando a água, não foi retratada assim por acaso. Veja que ela parece alheia a tudo o que acontece em volta – é uma inconsciência, um mergulho do pensamento nas profundezas da água, em busca de renascimento (a vida vem das águas). Mas o renascimento físico é uma ilusão da mente; por isso o iniciando abre as mãos num gesto de acolhimento e disposto a receber a “mulher” e caminhar com ela em direção à luz eterna.

Esse simbolismo deve ser visto como algo que opera por meios metafóricos e alegóricos. Não existe essa água, nem esse lago, nem essa mulher inerte às margens. Útero, mulher e renascimento são palavras que designam outras “realidades” que têm uma relação de SEMELHANÇA. São modos de expressão ou interpretações que consistem em representar pensamentos ABSTRATOS e ideias sob forma figurada. Todo o pensamento antigo fez uso dessas técnicas e método de interpretação: os pensadores gregos, os textos homéricos, por meio dos quais se pretendia descobrir ideias ou concepções filosóficas embutidas figurativamente nas narrativas. A Maçonaria nasceu dessas técnicas (os “Antigos Aceitos” eram todos filósofos, muitos deles membros da Royal Society); mas com as lutas pelo poder  e exageros das vaidades pessoais tais técnicas e interpretações se perderam.

4) Finalmente, no alto da figura, aparece o iniciando agora vendado (pois a LUZ ETERNA não pode ser olhada pelos mortais); ele caminha de mãos dadas com o iniciador (hierofante) em direção ao TEMPLO INEFÁVEL.
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(*) em português temos uma só palavra para esses conceitos, mas em inglês, “conscience” quer dizer inquietação espiritual dotada de sentido moral, assimilação do caráter íntegro, remorso pelos erros passados, objeção ao mal, etc...
(**) por sua vez, “conciousness” quer dizer percepção interna, realização íntima, sentido de “si mesmo” (self para Jung).


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

“MAL Y PENSE” NA DIAGONALIZAÇÃO DO COMPASSO

  

“MAL Y PENSE” NA DIAGONALIZAÇÃO DO COMPASSO
Jose Mauricio Guimaraes
    À Maçonaria interessam todos os assuntos que envolvam o processo civilizatório, a paz, a ética, os bons costumes e a felicidade do gênero humano. Noutras palavras: nenhum assunto é estranho à livre busca da verdade (mas não me perguntem “o que é a verdade”, pois a essa pergunta nem Jesus quis responder ao prepotente Pilatos – cf. João 18:33-38).
    Diante de nossa herança inglesa, também é permitido, em nossas pesquisas, uma boa dose de humor – o ‘nonsense’, ou seja: uma linguagem, desprovida de significação coerente, repleta de elementos surreais (presentes em Edward Lear, Lewis Carrol e mesmo em James Joyce) com situações ilógicas, como se pudéssemos corrigir os costumes mediante o riso (“ridendo castigat mores”).
    Lembro agora aos geômetras e matemáticos que existem teoremas para os quais só se conhece prova por contradição, como o argumento de diagonalização de Georg Cantor, na teoria dos conjuntos, para demonstrar a não-enumerabilidade dos números reais.
    Portanto, vou nessa linha. Antes que os tetos dos palácios desabem sobre nossas cabeças, passo a explicar porque acredito piamente na lisura de todas e quaisquer eleições.
    Diz a lenda que, em 1347, durante um baile na corte de Eduardo III, a Condessa de Salisbury, amante do mesmo Eduardo, deixou cair a liga da meia, perdendo-a no salão (liga, para quem não sabe, é uma tira de tecido elástico, em forma de anel, que aperta a boca da meia, prendendo-a na coxa, a fim de manter as meias bem esticadas). Pois bem, o Rei Eduardo III mais que depressa viu onde a liga da amante caíra; sem a menor cerimônia curvou-se, apanhou-a e, delicadamente, sob o olhar e sorrisos maliciosos dos nobres, recolocou-a, perna acima e coxa, ajustando-a convenientemente no local adequado.
    No dia seguinte toda a Inglaterra comentava à boca pequena (e à boca grande) o acontecido: um escândalo na ilha!
    O Rei, que sendo inglês é senhor da moral, e dos bons princípios e costumes ilibados, criou imediatamente a Ordem da Jarreteira (jarreteira é o outro nome de liga) e adotou como símbolo uma liga azul sobre fundo dourado. A Ordem da Jarreteira tornou-se a mais prestigiosa e dizem que ainda hoje exerce grande influência. Criaram rituais e convencionaram almoços e jantares de gala nas célebres tavernas “O Pato de Chapéu” e “A Melancia Assada”.
    No augusto ato de lançamento da Ordem da Jarreteira, o Rei urrou em francês (que era a língua oficial da corte inglesa)
    "Messieurs, honni soit qui mal y pense! Ceux qui rient en ce moment seront un jour très honorés d'en porter une semblable, car ce ruban sera mis en tel honneur que les railleurs eux-mêmes le rechercheront avec empressement." (‘Senhores! maldito seja quem pensar algum mal sobre isto! Os que riem nesta hora ficarão um dia honradíssimos por usar uma liga igual na lapela, porque a jarreteira será posta em tal destaque que mesmo os trocistas a procurarão com avidez’).
    “Honi soit qui mal y pense” foi o dístico adotado e tornou-se na expressão que significa: “envergonhe-se quem nisto vê malícia” – muito usada em meios cultos e incultos; também pode ser traduzida por “o mal está em quem pensa sobre o mal”.
    Um vetusto analista dos costumes ressaltou que: “os homens só se conhecem e se tornam amigos, solidários e fraternos quando se reúnem em torno de uma mesa de bar para conversar, comer e beber; portanto, para nos tornarmos amigos e fraternos, é indispensável que nos encontremos pessoalmente por aí, nalguma aprazível taverna, portando na lapela a insígnia da jarreteira”.
    Por isso – e na esperança de receber um dia a jarreteira, acredito piamente na lisura de todas e quaisquer eleições.
    Vocês poderão perguntar: "mas o que tem a ver um liga de segurar meias nas coxas com eleições?" – Esclareço que não tem absolutamente NADA a ver, pois as ligas devem permanecer, como no Século XVIII, bem escondidas debaixo das saias das ilustres Damas durante o baile da corte.
    Por isso mesmo creio e aqui prevaleça o mesmo nonsense apregoado por Tertulliano no ano 200 da nossa era: “Credo quia absurdum”.
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OBRAS DE REFERÊNCIA:
Edward Lear - "Nonsense Songs and Stories" (1870);
Georg Cantor - "Grundlagen einer allgemeinen Mannigfaltigkeitslehre" (1883);
Gil Vicente - "Auto da Feira" (1527);
James Joyce - Ulisses (1921) e Finnegans Wake (1923-1929);
Jean de Santeuil - "Obras Imaginárias";
Lewis Carroll - "Alice's Adventures in Wonderland" (1865);
Pangloss - 'Opus Magna' ("Candide, ou l'Optimisme", 1759);
Tertuliano - Escritos apologéticos.

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Airton Carvalho e Gustavão Velasquez Santos
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terça-feira, 20 de outubro de 2020

NEM TUDO O QUE CAI NA REDE É PEIXE

 

"NEM TUDO O QUE CAI NA REDE É PEIXE" (provérbio popular)
José Maurício Guimarães
De uns quinze anos para cá, a internet vem se transformando numa “tribuna” maçônica de preferência, substituindo o cenário apropriado onde instruções, debates e mesmo decisões deveriam, por tradição, serem tomados: as Lojas.
Com a pandemia, essa realidade se impôs ainda mais. E não sabemos por quanto tempo, e de qual forma, sobreviveremos como fraternidade iniciática sentados numa poltrona, com celulares nas mãos, aceitando que a realidade virtual imite a vida.
A Maçonaria, assim como todas as escolas, as religiões, universidades, agremiações e clubes, carece – precisa e exige – do contato pessoal, o diálogo humano: às vezes íntimo e confidencial – para que se concretizem objetivos maiores.
Desde que as Lojas foram substituídas pelo WhatsApp, pelo FacebookYouTubeMessengerInstagramTwitterLinkedInSkypeTeamLinkZoomMeet e outras bugigangas eletrônicas, não é impossível imaginarmos que, num futuro próximo, nossas reuniões sejam protagonizadas por robôs ritualísticos paramentados e avatares digitalizados que comandaremos de casa, através de um celular chinês, no conforto de nossa poltrona favorita, de pijama listrado e tendo aos pés nosso fiel amigo, o cão, com toda a criançada correndo e festejando intermináveis férias.
Quanto ao conteúdo dessas formidáveis sessões em BitsBytesTerabytes, sistemas operacionais, Aplicativos e “memórias RAM” (já que não temos nenhuma outra memória humana), só nos resta especular sobre CONTEÚDOS e precedência ÉTICA (leiam com calma: eu não disse PROcedência e sim PREcedência – isto é: “situação do que vem antes, que precede, condição do que deve estar em primeiro lugar”).
PRIMEIRA ESPECULATIVA: quais são os temas constituintes do verdadeiro estudo maçônico? Seria algum dos ramos da Antropologia, da Arquitetura, da Astronomia, da BiotecnologiaCiência PolíticaCiências NaturaisDireitoEconomiaFilosofiaFísicaGeografiaHistóriaLinguísticaetc. etc.? Resposta: “NÃO, absolutamente não. Esses saberes são úteis, são quase perfumarias e adornos; mas NÃO CONSTITUEM O VERDADEIRO ESTUDO MAÇÔNICO” (desculpem-me as maiúsculas).
Saber que Frederico "Barba Ruiva" herdara o Ducado da Suábia; que Branca de Castela tornou-se regente em nome do filho Luís IX de França; saber que rei anglo-saxão Athelstan era filho de Eduardo, o Velho e sua primeira esposa Ecgvina (mulher de baixa condição social); saber que nucleotídeos são formados pela esterificação do ácido fosfórico e nucleosídeo, ou que a palavra liberdade em grego pronuncia-se "elefthería"..., nada disso fará de mim ou de você um Maçom Autêntico. Nem sequer a untuosidade de alguém ser expert em ritualística lhe garante o galardão supremo de Homem Maçom.
SEGUNDA ESPECULATIVA: qual o tema fundamental, determinante do único e verdadeiro estudo maçônico? Resposta: “A proposição e assunto fundamentais do autêntico estudo maçônico é o ser humano em sua dimensão moral, ética e social.” É disso – dimensão moral, ética e social – que não se fala nas redes sociais – nem uma string, nenhuma Url, inacessível tema para os browsers, desconhecida filosofia para os chips ou os mais velozes modens; dimensões raízes alheias às nossas placas-mães, assuntos abafados pelos Query e webmasters da vida; sobre essa moral e a desejada ética, dá-se OnDoubleClick, um inesperado reset, dá um “boot”, ... é o BUG! – e tudo pode acontecer bem debaixo dos nossos empinados narizes.
Já dizia um pensador italiano (de esquerda) chamado Antônio Gramsci: “A crise consiste no fato que o velho morre e o novo não pode nascer; neste interregno ocorrem os fenômenos mais diversos e anormais.”
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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

PROGRESSO OU LIDERANÇA

 

PROGRESSO OU LIDERANÇA

José Maurício Guimarães

Líder e liderança  não são a mesma coisa: é possível alguém ocupar um cargo “de liderança” e não conseguir sequer motivar seus colaboradores: são os “chefes” que apenas estão no poder. A pessoa que verdadeiramente “inspira” os demais nem sempre ocupa um cargo, pois tal proeminência exige CRIATIVIDADE: capacidade de conceber ideias e “imagens” a partir de situações e questões, interpretando-as e formulando ponto de vista CLARO e assimilável.

São perdas de tempo os tais estudos que classificam líderes e liderança em três, quatro ou mais tipos como: liderança autocrática, liderança liberal, liderança democrática e liderança coaching. Fico a pensar se Platão, Napoleão Bonaparte, Churchill ou Einstein fizeram coaching...

Em se tratando de uma Ordem (ou sociedade) como a nossa  a Maçonaria  esqueçam tudo isso (por enquanto) e analisem o assunto com as próprias cabeças.

Tento analisar o problema com minha cabeça; posso estar redondamente enganado, mas exerço o livre pensar sem pretender ser formador de opinião; quem já me xingou disso (formador de opinião) recebeu merecida resposta.

Teóricos ganham bastante dinheiro com intermináveis falatórios sobre o tema; gastam horas do nosso tempo e enriquecem as suas (deles) contas bancárias explicando diferenças entre gestão e liderança. Conceitos de líder servidorlíder liberallíder democráticoautocráticolíder técnicomotivadorlíder carismático, etc. são firulas  rebuscamentos da fala para exprimir coisas simples que o homem comum sabe distinguir por intuição. No nosso caso basta, como já disse, raciocinarmos com o próprio bestunto:

1) sendo a Maçonaria uma síntese de diversas tradições filosóficas, sociais, políticas, correntes intelectuais e atitudes de transcendência; 2) sendo a Maçonaria um sistema que visa profunda e sincera reforma de seus membros pela REFLEXÃO íntima;  3) sendo a Maçonaria um método de reforço do caráter, de aprimoramento da bagagem moral e espiritual e do aumento dos horizontes culturais; 4) sendo a Maçonaria uma organização composta por instituições que permitem a seus membros o exercício constante busca da verdade, SEM QUAISQUER DOGMAS OU DIRECIONAMENTOS...  ... como e por que poderíamos conceber ALGUÉM investido na função mística ou divina (guru ungido pelos deuses) capaz de definir metas, impactar a vida das pessoas ao seu redor, “ser admirado para ser seguido” e incensado  como ensinam novas escolas de treinamento  ou vir impor-se por diversos meios, artifícios claros ou sub-reptícios?

Estou tentando, aqui, nessas mal traçadas linhas, exercitar o livre pensar; reconheço que, na qualidade de mortal, posso estar “enganadamente redondo”.

Para conduzir, comandar, unir ou desunir elementos dentro do grupo, a Maçonaria precisa de bons dirigentes e não de líderes; precisa de bons ou excelentes gestores testados e comprovados com sucesso nos embates da vida profana.

O maçom é um LIVRE PENSADOR, ou não é? Para quem nunca refletiu sobre essa expressão, Livre Pensador é o indivíduo cujas opiniões são elaboradas com base na razão e no convencimento íntimo, independentemente de quaisquer autoridades ou mesmo de formadores de opinião. Espera-se que cada maçom (cada homem e mulher livres deste e de outros planetas) formem sua própria opinião: se essa opinião estiver em consonância com os princípios éticos e filosóficos, da Ordem ou da sociedade, ela estará contribuindo com o processo civilizatório; caso contrário, será uma voz dissonante, um alarido de “reformadores” fanáticos a trazer mais problemas do que soluções.

Há os que ainda não formaram opiniões com base na razão. Esses permanecerão por um tempo ancorados em pessoa ou pessoas que se lhes apresentem como líderes... são as fragilidades inerentes à civilização e, na Maçonaria, as possíveis instabilidades do processo iniciático.

A média do comportamento humano não pode servir de régua para medir o progresso, assim como a média das inteligências não é padrão para se aquilatarem homens livres.

Há líderes religiosos, líderes políticos; Hitler, Mussolini e Stalin se apresentaram como líderes e foram seguidos por milhões! Há líderes de torcida organizada, e até... líderes de organizações criminosas. Mas numa Ordem livre, assim como nas universidades (livres) e na imprensa (livre) não se pode avançar sob cabresto e jugo do autoritarismo, mesmo que travestido em liderança.

Não levem ao pé da letra o que estou tentando argumentar; deletem meu texto – mandem para a lixeira – e analisem os fatos vocês mesmos, na teoria e na prática.

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terça-feira, 29 de setembro de 2020

PROGRESSO OU LIDERANÇA

 

PROGRESSO OU LIDERANÇA

José Maurício Guimarães

Líder e liderança  não são a mesma coisa: é possível alguém ocupar um cargo “de liderança” e não conseguir sequer motivar seus colaboradores: são os “chefes” que apenas estão no poder. 

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domingo, 20 de setembro de 2020

A CRUZADA DAS CRIANÇAS

A CRUZADA DAS CRIANÇAS José Maurício Guimarães

Qual a natureza, extensão e causas da violência contra crianças? Especialistas propõem adoção de medidas destinadas a prevenir e responder às situações em que ocorrerem atos de violência contra as crianças que, em grande parte continuam acontecendo dentro dos próprios lares. Os crimes contra crianças incluem violência física, abusos de natureza física e psicológica, discriminação, negligência e maus tratos. Um dos aspectos da violência psicológica é impor determinados comportamentos ou compromissos às crianças ou jovens, incompatíveis com sua capacidade de julgar e tomar decisões.

Um caso deste tipo ocorreu por volta de 1212, no noroeste da França, quando um pastorzinho de Vendôme, chamado Stephen de Cloyes, arrastou consigo um grupo enorme de crianças para combater contra os infieis na Terra Santa. Esse movimento, ocorrido entre a Terceira e a Quarta Cruzada, foi denominado “Cruzada das Crianças” e baseava-se numa convicção religiosa de que apenas as almas puras (das crianças) poderiam libertar Jerusalém. Stephen de Cloyes dizia ter sido visitado por Jesus que o teria incumbido de liderar aquela “Cruzada dos Inocentes”. Muitos autores dos séculos XVIII e XIX tentaram desmentir esse fato e ainda há professores que dizem ser uma lenda as aventuras de Stephen. 

Mas na época – dizem os cronistas de antanho, Stephen foi estimulado por adultos, especialmente o clero católico, que convenceu o céu ao pastorzinho se ele conduzisse seus seguidores às margens do Mar Mediterrâneo, onde as águas haveriam de se abrir para lhes dar passagem “a pé enxuto”, como no êxodo protagonizado por Moisés. Assim, avançariam até Jerusalém conduzidos por uma legião de anjos.

Com essa história, Stephen atraiu uma multidão de mais de 30.000 pessoas e dirigiu-se para Saint Denis onde foi visto praticando milagres, promovendo algazarra e transgressões de todo tipo. Tentando coibir os abusos, o rei Filipe Augusto da França foi ao encontro da meninada e ordenou que todos voltassem para suas casas. Como não obedeciam, pois só tinham ouvidos para os gritos fanáticos do pastorzinho Stephen, o rei Filipe Augusto não vislumbrou outra alternativa: despejou a soldadesca em cima da criançada, causando pânico e machucaduras

graves. Muitos morreram pisoteados pelos cavalos ou atingidos por lanças. Mas a ideia ressurgiu com a notícia de que Constantinopla havia sido saqueada e que os cristãos não podiam confiar nos adultos. Deturpando as palavras de Jesus ("vinde a mim as criancinhas porque delas é o Reino") alguém reorganizou a violência com base nos ideais do pastorzinho. Cinquenta mil crianças foram colocadas em navios saindo do porto de Marselha rumo a Jerusalém. Crianças e jovens, na maioria entre 8 e 17 anos – meninos e meninas – deixaram suas casas e qualquer outra coisa que estivessem fazendo. Surdos ao apelo dos pais, respondiam que caminhavam "para Deus". Fugiam de casa às escondidas, como que magnetizados. Por onde passavam, pediam esmolas, distribuíam ou solicitavam bênçãos. Maioria daquelas crianças morreu no caminho, de frio, fome e doenças.

Dois dos navios afundaram nas costas da Sardenha; a peste atingiu outras embarcações e algumas chegaram ao Egito com dezenas de mortos a bordo. Os sobreviventes foram vendidos como escravos pelos turcos no norte da África. Vários meninos e meninas escaparam, se dispersaram e acabaram sendo recapturados ou sequestrados. Foram escravizados e seviciados.

Os professores ingleses Christopher Tyerman, do Hertford College, em Oxford, e Malcolm Barber, da Universidade de Reading apresentam outras versões e interpretações sobre a “Cruzada das Crianças”. Há opiniões, talvez movidas por suspeitos interesses, que tentam incluir essa tragédia na lista das lendas e fantasias medievais. Todavia, a história está documentada. Consta dos textos dos principais cronistas da época, entre eles o frade dominicano Vincent de Beauvais e o "doutor admirável" , frade e filósofo Roger Bacon.

Vestígios desse episódio chegaram aos dias de hoje num conto folclórico intitulado "O Flautista de Hamelin" reescrito pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm.

CONCLUSÃO: Todo entusiasmo é susceptível de se transformar em fanatismo. A educação religiosa e a introdução de crianças e jovens no pensamento iniciático devem ser feitas com muito critério, sempre acompanhadas dos pais e de especialistas em psicologia e pedagogia. Não se deve admitir apenas o amadorismo, diletantismo ou mera "boa vontade" nesse particular.


 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

SEJA BEM-VINDO AO LABIRINTO

PREZADO LEITOR:
Se você chegou até aqui, seja bem-vindo!
Este BLOG não pretende "revelar" mistérios da Maçonaria, uma vez que o entendimento desses "mistérios" advêm única e exclusivamente da Iniciação regular numa Loja maçônica justa e perfeita, da vivência consciente e continuada nas reuniões presenciais e do estudo através dos Graus do Simbolismo (Graus I , II e III : Aprendiz, Companheiro e Mestre). Advêm também dos eventuais progressos nos Altos Graus (Grau 4 ao Grau 33) ou Ordens maçônicas (Supremos Conselhos, Real Arco, Rito de York, REAA, etc...) Portanto, vã é a procura, por parte dos curiosos, na internet, por atalhos na senda iniciática; no máximo, encontrarão decepções ou o embuste advindo da má-fé dos experts em lesar ou ludibriar pessoas inocentes e crédulas. 
Este BLOG é dedicado à reflexão sobre a Maçonaria enquanto fenômeno CULTURAL e HISTÓRICO, como ocorre, nos dias de hoje, principalmente noutros países, em classes universitárias voltadas para a pesquisa histórica e científica relativamente aos elementos da prática TRADICIONAL e rudimentos do saber iniciático.
A ilustração acima mostra o labirinto como paradigma da vida psicológica e iniciática.  Em muitas catedrais, como em Chartres, desenhos de labirintos nos lembram os templos vetustos e os antigos tempos. Na Grécia, essa forma de obstáculo tinha que ser superada para que se conseguisse alcançar determinado objetivo. Passagens mitológicas mostram como o fio de Ariadne conduziu o ateniense Teseu no labirinto de Dedalus para destruir o Minotauro, criatura com a cabeça de touro sobre o corpo de homem. O labirinto é símbolo do lento e persistente progresso do pensamento, das provas e desafios da vida, do retorno do homem a "si mesmo" (o Self, para C.G. Jung), uma descida ao interior da caverna (Vitriol) e a saída triunfante para a luz (mito da caverna, em Platão), ou àquilo que as religiões chamam “o bom caminho” ("... entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, muitos são os que entram por ela" - Mateus 7:13-14). Facilis aditus, difficilis exitus (fácil de entrar, difícil de sair) preconizavam os latinos diante do labirinto. No início, desconhecemos a trilha, o medo nos envolve e por isso retornamos a um mesmo determinado ponto. Tudo isto são aspectos do que Machado de Assis descreveu, com ironia e humor, no prólogo da terceira edição de 'Memórias Póstumas de Brás Cubas':
Trata-se de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Toda essa gente viajou: Xavier de Maistre à roda do quarto, Garret na terra dele, Sterne na terra dos outros. De Brás Cubas se pode dizer que viajou à roda da vida."
Por conseguinte, e exatamente por isso - este Blog não vende nada e sequer indica esse ou aquele caminho no intrincado e perigoso cipoal por onde transitam interesses pessoais inconfessáveis.  Para os que estão à cata daqueles atalhos, repito as palavras de Dante Alighieri em frente ao portal do Inferno: "lasciate ogni speranza, voi ch'entrate" (deixai toda a esperança, ó vós que entrais).
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José Maurício Guimarães - 33º REAA, M.I. , MAR, KT



 

ALEGORIA INICIÁTICA

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